Não é incomum encontrar famílias em que a mulher, após dar à luz, se sinta incompreendida, “tida como louca” por ainda não ter retomado seu ritmo. Não é incomum que mulheres que abortam, retiram o útero, ou fazem “procedimentos simples” necessitem de mais tempo do que o previsto para se recuperarem.
Há mais camadas de complexidade que se desdobram nesses processos do que estamos acostumados a falar.
Muitas vezes é necessário verter lágrimas, manifestar tudo que transborda para se (re)organizar internamente. É legítimo e fisiológico. O próprio corpo, após tantos tecidos rompidos, aciona a resposta ao trauma, que libera mensageiros dolorosos, associados a sintomas depressivos transitórios.
Quando se trata de um órgão tão unicamente feminino, vale mesmo uma conversa de útero para útero, especialmente com quem possa acolher seu sentir dotado de dimensões emocionais, sociais e espirituais. Nesse quesito, doses extras de delicadeza e afeto são cura.
A você, que está com o coração cheio e útero partido, seja qual for a razão, seja generosa com o seu sentir, e se dê o espaço que precisar.
É maravilhoso que estejamos expostas a sentir o que é grande demais para caber no peito, e transbordar sentimentos imensos.
A quem deseja ajudar quem está passando por situações assim, apenas se mostre disponível. Deixe o seu abraço falar por si.