“Eu estava descendo na banguela. E agora me sinto subindo com o freio de mão puxado.”
A bipolaridade leva o indivíduo a extremos vivenciais. Gera uma amplitude experiencial entre polos opostos em termos de energia vital. A metáfora da montanha-russa, aqui, é invertida: as descidas aceleradas representam o Polo da Mania. As lentas subidas representam o processo de melhora da Depressão.
No Polo Maníaco ou Hipomaníaco (quando os sintomas são mais tênues), a energia está em alta. O campo vivencial se expande: as atividades dirigidas a objetivos aumentam, a pessoa se engaja em um número exagerado de atividades, diferente de seus padrões. Circula-se mais pelos espaços, espalha-se, abrem-se campos, projetos, contatos. As interações com outras pessoas também aumentam. Pode haver um excesso de simpatia com desconhecidos, jogar conversa fora, maior proximidade e intimidade com as pessoas, telefonemas, mensagens, áudios, podcasts. Os toques e a proximidade física podem ser excessivos, podendo até expandir para a hiperssexualidade. Comportamentos sexuais impulsivos, múltiplos parceiros e sem proteção (maior risco de gestações não-planejadas e infecções sexualmente transmissíveis).
Os processos psíquicos também se aceleram. As ideias são rápidas e até fugazes. Pode haver um estado otimizado de funcionamento, no qual os insights e processos criativos são potencializados. As falas excessivas e incessantes interpelam e se sobrepõem. Há ausência de silêncio externo e interno. Costumam ser rápidas, aceleradas e em tom mais forte ou imponente. A gesticulação fica mais ampla e rápida. A psicomotricidade como um todo aumenta, mesmo sem sono. Não há necessidade de dormir. A energia é abundante. A autoestima infla. A pessoa se sente especial, detentora de algum dom ou capacidade superior. As roupas e maquiagens podem refletir esse estado superativado, com cores intensas, decotes e maior exposição do corpo. Tudo isso pode vir acompanhado de uma sensação de extremo bem-estar, gerando até um estado psíquico positivo de euforia. Não raramente, pode vir acompanhado de irritabilidade, explosões de raiva e rupturas afetivas. No extremo da Mania, pode-se ficar psicótico, com delírios que usualmente envolvem senso de grandeza ou até delírios persecutórios e alucinações.