O mês de Agosto é um momento do ano onde se celebra a paternidade aqui no Brasil. Essa data, contudo, não é uma regra mundial. Cada país tem a sua história, motivo e consequentemente, sua data para celebrar o dia dos pais. Existem evidências que essa tradição iniciou-se na Babilônia há quatro mil anos atrás. Mas na modernidade, foi nos Estados Unidos da América que em 1910 se celebrou o primeiro dia dos pais.
Aqui, em terras tupiniquins, as primeiras comemorações do dia dos pais iniciaram-se em 14 de agosto de 1953. O publicitário Sylvio Bherinh organizou um evento para homenagear três tipos de pais: o com maior número de filhos(as); o mais jovem; e o mais velho. Os pais premiados foram um com 31 filhos, outro com 16 anos e, por último, com 98 anos. Após a boa repercussão do concurso, o Dia dos Pais começou a ser celebrado no segundo domingo do mês agosto no Brasil.
De lá para cá, as responsabilidades e os desejos da paternidade ganharam novas cores e formas. As funções de procriador e de provedor econômico deixaram de ser as mais importantes e prioritárias. Pais hoje podem ir além, e investir energia na educação de seus filhos(as) e numa convivência mais próxima e afetiva.
Contudo, desafios ainda persistem. Numa reportagem da Radio Nacional, a repórter Beatriz Albuquerque traz um dado desafiante: mais de 55 mil crianças foram registradas somente com o nome da mãe nos quatro primeiros meses de 2022. Esse é o maior número absoluto e percentual para o mesmo período desde 2018.
Seria esse dado apenas um reflexo da falta de responsabilidade de muitos homens? Ou se formos mais fundo, que medo é esse que tanto afasta muitos homens do seu lugar natural de pai?
Esse dado assustador costuma nos levar para um olhar crítico e negativo sobre a ausência desses homens/pais. O abandono deles dos seus filhos(as), das suas companheiras e da sua paternidade causa-nos sentimentos de raiva e dor. Provavelmente, não faltam “justificativas” para esse descaso masculino. E mesmo aqueles pais que registaram seus filhos(as) também podem se omitir no dia a dia.
Mas até que ponto estamos ajudando essa situação ao apenas julgar o comportamento alheio? Não estaremos num tempo mais propício para acolher e entender esse dor? Até que ponto esses pais que abondam seus filhos(as), também não foram abandonados pelos seus próprios pais? Que referência de homem e de pai esses senhores tiveram?
O que desejamos nesse dia dos pais é que a paternidade e todas as suas glórias e desastres, sejam acolhidos como fenômeno humano, e por isso imperfeito. E que tenhamos sabedoria para ajudar esses homens feridos a se integrar novamente consigo mesmo, para então, assumir com responsabilidade e carinho, seu lugar devido de pai.
Escrito por: Felipe Brito | Psicólogo no Sentir Família