Escuto o tempo inteiro as mães falarem que não estão aguentando a “fase” que o filho está atravessando. Será a crise dos dois, dos cinco, dos 7, a crise dos 9, a crise dos 11? Ah pronto, “adolesceu”, uma crise atrás da outra??
Tenho certeza que quando vemos um filho passar pelas dificuldades do “tornar-se pessoa”, muitas vezes machuca. Primeiro, nos sentimos frustrados, por ver nossas “limitações” em não conseguir evitar o sofrimento deles, e depois por vê-los sofrer e muitas vemos percebermos algumas repetições de comportamentos. Dói neles, dói duplamente em nos.
Vou contar pra vcs que isso traduz o grande “buraco” da alma, que nos remete a séculos de cura e de dor. Não que seja um buraco fundo e sem fim, mas pode ser muitas vezes, escuro e sombrio. E tudo bem, mesmo porque o mergulho nas nossas profundezas é o que nos libertará.
Quem disse que não temos sombras? Somos uma grande teia em continuação, portanto, ao lidar com as questões dos nossos filhos, lidamos com as nossas próprias, com as das nossas mães, avós, bisavós e todas a que vieram antes.
A gente tem a tendência de querer consertar, arrumar, excluir, porque precisamos apresentar padrões de bons comportamentos e “satisfação”. Entendemos que o certo é ser bom, fazer direito, ter educação, mostrar bons comportamentos, sermos corretos e “darmos conta da vida”. E e verdade, mas também não podemos excluir a dor, as crises existenciais, a angústia, os sintomas que as transformações nos causam, o desapegos, a formação da auto estima, do ego. Crescem em um mundo de disputas acirradas e não podem sofrer? Nossos filhos apresentam falhas, porque são humanos.
Eu concordo que todos nós queremos harmonia, mas não a qualquer custo. Ninguém precisa ser “boa menina”, nós crescemos dentro desses parâmetros e olha o tamanho da culpa e auto julgamento que precisamos desconstruir, hoje?
Não deveríamos construir pessoas que sentem culpa por errar, está tudo bem não ser uma boa menina em alguns momentos da vida.
Pra começar não podemos tratar isso como fracasso, mas como uma manifestação da alma , é sobre expressar emoções sentidas e verdadeiras. Todas as vezes que tornamos inadequadas as nossas emoções, estamos plantando a culpa, que depois, mais tarde na vida, será nosso grande algoz.
So acolha, eles e você, abra espaço para que toda forma de dor se mostre e portanto, tenha espaço de cura. Não se preocupe se errar, apenas seja sincero e diga que errou. Aqui, eu vivo muitos aprendizados com meus filhos, erro tanto, e digo que aprendo junto com eles muitas vezes. E seguimos!
Te convido, então, a navegar nessa cura, nessas águas profundas e intensas da insatisfação, lá onde dói em você, porque assim, todas as coisas tem a oportunidade de serem vistas e realocadas. Não tenha medo de olhar pro que parece “feio”. Tudo está certo no universo, até o que não parece.
“A primeira geração silencia, a segunda sente no corpo, a terceira e a quarta, repetem”. Francoise Dolto