Foi o que eu vivi ao decidir engravidar. Na primeira vez, optei por suspender o medicamento. Acabei tendo sintomas leves de depressão, que consegui controlar com diminuição do trabalho, atividades físicas e psicoterapia. Mas vivi uma cesárea frustrante e tive dificuldade com a amamentação, que contribuíram para me desestabilizar. A pediatra recomendou o Equilid, o que fiz durante 7 meses. Ainda assim não conseguia retirar o complemento do bebê. Fiquei um pouco mais tranquila e parei de chorar, mas passei os meses seguintes distante, sem me conectar bem com meu filho, fazendo as coisas de forma automática, com pouco prazer na experiência de me tornar mãe. Somente quando interrompi o Equilid, descobri que estava passando por uma depressão pós-parto. Retomei meu tratamento e fiquei bem, o que foi um divisor de águas na maternidade.
Já na segunda gravidez, apresentei uma piora um pouco mais intensa de humor. Por volta das 20 semanas, acabei optando, junto com meu psiquiatra e minha obstetra, por reintroduzir o medicamento. Desta vez não tive piora após o parto. Vivenciei um puerpério leve. Não sem dificuldades, mas sem a sombra da depressão. A amamentação fluiu e a relação que estabeleci com o bebê foi qualitativamente outra!
Eu sei os dilemas que passamos ao tomar a decisão de usar medicamentos psicotrópicos na gravidez e amamentação, sei os medos, dúvidas e inseguranças, pois passei por isso. Sei as respostas que queremos ter e que, muitas vezes, não são bem contempladas pelos médicos que ou demonizam ou banalizam os tratamentos. Nenhuma destas posturas ajuda a mulher e o casal em sua decisão.