Seja qual for a forma da perda, a dor do aborto é a mesma

O aborto é pauta das agendas políticas em nosso país, causando grande mobilização na sociedade, que normalmente negligencia o sofrimento das mulheres que sofrem um aborto espontâneo. Ignora-se que uma mulher já é capaz de se sentir mãe de seu bebê e reconhecê-lo como seu filho, mesmo quando ele é apenas um embrião. Ao receber a notícia da gravidez, a mulher cria expectativas em torno do bebê que está por vir, dando-lhe um nome, um lugar na sua família e no seu coração.

Mesmo quando o aborto acontece no início da gravidez, ele pode ser devastador, gerando culpa na mulher que se sente responsável pelo que aconteceu, ainda que os médicos afirmem que não havia nada que ela pudesse fazer para evitá-lo e que o aborto é um acontecimento que pode ocorrer com muitas mulheres, principalmente na primeira gestação. Essa experiência também gera na mulher medo, ansiedade, dúvidas e incertezas em relação ao futuro e a sua capacidade de engravidar novamente e levar uma gravidez até o fim. Esses sentimentos podem estar presentes também nas mulheres que sofreram um aborto provocado. Não é por terem escolhido abortar que estão isentas do sofrimento e da culpa que essa vivência desencadeia, nesse caso, de não ter encontrado outra saída ou evitado a gravidez indesejada.

Por tudo isso, as mulheres que passam por essa experiência precisam ser escutadas e acolhidas, e não julgadas ou negligenciadas. Mas, para isso, precisamos reconhecer que a mulher que vive um aborto sofre, seja ele espontâneo ou provocado. Por uma assistência mais humanizada para as mulheres.

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