Vou me arriscar com uma impressão pessoal. Vejam se faz sentido para vocês. Quando o bebê nasce, passada a licença-paternidade, o pai volta a sua rotina e a mãe se vê na fusão contínua com os bebê, privada de sua liberdade durante meses a fio, situação que pode gerar a sensação de injustiça, como se a vida do homem não tivesse mudado de forma tão drástica quanto a dela. A realidade da mulher é dura e não existe opção a não ser encará-la.
A maternidade nos traz um grau de amadurecimento e responsabilidade dos quais não temos como escapar. Por outro lado, o processo do homem é diferente. Ele não se vê sem opção, pois conta com a mulher orquestrando tudo. Assim, muitas vezes ele se exime de se preocupar com logísticas além das suas próprias. O que deixa a mulher s na posição de organizar a tropa toda. Para a participação mais ativa do homem, a mulher precisa direcioná-lo, solicitar, explicar detalhadamente como e quando fazer o que é necessário, repetir as mesmas demandas em inúmeras circunstâncias. O processo de solicitações exaustivas também faz parte e tem seu peso na carga mental materna!
Esta não apropriação do homem de sua função de pai de uma forma mais proativa e espontânea traz para a mulher a sensação de que o marido não a acompanhou em seu inevitável processo de amadurecimento. O que leva ao distanciamento do casal. Ela se sentindo pouco amparada e injustiçada na dinâmica familiar. Ele se sentindo muito cobrado e incomodado por também ter que abrir mão do seu ritmo e prioridades para assumir cuidados com a cria. Muitas vezes o casal entra em uma certa competição, de quem está mais cansado, quem contribui mais ou menos. Quando o mais importante seria olhar de forma prática para o panorama e AMBOS refletirem sobre o papel de cada um e como podem colaborar de forma ativa para a harmonia familiar. Faz sentido por aí?