Fala-se muito da dor de amamentar, por isso venho aqui ressaltar a dor de não amamentar, quando tanto se desejou.
Dificuldades na amamentação são motivos de grande estresse no puerpério, e aumentam o risco de depressão pós parto. Estudos mostram que a amamentação contribui sim para o vínculo mãe e bebê, quando bem sucedida e desejada.
A mulher que deseja e não consegue, (percebem o tom de derrota nessa frase?), está sempre sob o alvo de questionamentos, sobretudo o seu próprio, de não ter tentado o bastante, ou da forma correta.
Teria conseguido se tivesse feito algo diferente?
Como seria maravilhoso se tudo fluísse conforme nosso desejo não é mesmo? Por outro lado, num universo de frustrações podemos encontrar alívio e acolhimento.
Ser mãe vai muito além de amamentar. Essa é uma forma incrível mas bem longe de ser a única de cuidar e alimentar seu bebê.
Se você desejou e por um motivo qualquer, não amamentou pelo tempo que gostaria, é possível sim que você tenha tentado o bastante. Embora seu corpo/mente tenham chegado ao limite o seu amor jamais vai chegar. E ninguém, absolutamente ninguém pode medi-lo por mLs ou gramas de peso ganhado. Todas as mães amam seus filhos com tudo que podem, como podem.
Amamentar é um objetivo grandioso, que exige empenho não só materno, mas familiar.
À mulher cabe decidir, e a quem dela cuida, apoiar.
P.s.: Nunca tive até hoje nenhuma paciente que não soubesse dos enormes benefícios da amamentação, mas tive sim muitas pacientes que sofreram e adoeceram em decorrência das suas dificuldades. Por isso venho falar dessa campanha valiosa de um jeito diferente, a um público grande que muitas vezes se falha em contemplar.